Certamente conhecem aquela anedota passada num típico bar mexicano, muito mal frequentado, onde um desgraçado dum estrangeiro se lembra de entrar para perguntar direcções para a civilização mais próxima, sendo interpelado por um dos clientes:
"Hey gringo... quanto pesas?"
(em português: "Hey Gringo... quanto pesas?")
Ao que o estrangeiro, meio atordoado, responde:
"Q...Quem, eu ? S...Se...Setenta qui...quilos, Ssssenhor..."
(em português: "Quem, eu ? Setenta quilos, senhor...")
*PUM* *PUM*
(em português: "PUM PUM")
O infeliz cai no chão e o cliente de pistola ainda fumegante e ar satisfeito e sorridente, olha prós demais em volta e prontamente o corrige:
"Setenta quilos? ...e dôs gramitas! AHAHAHAHAHA!!!"
(em português: "Setenta quilos? ...e duas gramitas! LOL e tal e o camano e assim!")
Lá se riem todos, numa grande algazarra (até porque convém, senão também algum era capaz de aumentar umas gramas ali de repente, e hoje era mau dia p'ra isso... c'o jantar à espera e assim... era chato) e a coisa fica mesmo por ali.
...
Conheciam né ? Pois...
Mas... não era sobre isto que vos queria falar
:POu melhor... até era... ou seja... bem, não era bem uma anedota que queria contar, mas...
"Mas este gajo não se decide ?"
"Atão era ou não era, pá ???"
Pois, bom... é que muitas vezes, quando olho para alguns dos jogos video de hoje, nomeadamente os
First ou os
Third Person Shooters, sejam
multi-user ou
standalone, o facto é que me lembro sempre dos jogos de rua que costumava ter com os meus amigos e vizinhos, quando brincávamos aos "Policias e Ladrões" ou mais frequentemente aos "Indios e
Cóbóis"
;)Foi por isto que, ao querer continuar a falar da (minha experiência pessoal em relação à) evolução nos jogos video e das
máquinas que nos permitem chegar eles, me veio à cabeça aquela velha anedota ao lembrar-me da expressão tantas vezes dita nessas brincadeiras
"PUM! TÁS MORTO! EI!!! TÁS MORTO PÁ!"
...e das discussões que ela envolvia, pois a coisa raramente era pacifica
"AH NAH NAH!!! TU DAÍ NUNCA ME ACERTAVAS, VAITALIXAR!!!"
"AH ACERTAVA POIS, Q'EU TOU COASPINGARDA SUPERULTRA!!!"
(...é que ainda não havia a super-ultra-hiper-mega-ri-fixe naquela altura...)
Eu por vezes pergunto-me se
alguns dos miúdos de hoje saberá o que é usar a imaginação para criar o que os jogos de hoje, com os gráficos quase-realistas e os algoritmos algo avançados de simulação das leis da física, nos apresentam à frente dos olhos.
Sinceramente não sei se, em termos de experiência de vida, se se perderá algo de importante ou não... é que há
cada vez mais crianças a serem privadas da capacidade de imaginar,
cada vez mais cedo. Relaciono isto com o perigo da falta de equilíbrio entre as várias actividades que hoje são possíveis.
Acho que deve ser dada tanta importância a experimentar uma história interessante ou um conhecimento importante tanto através da TV, dos Filmes e dos Jogos Video, como também através da leitura bem como das brincadeiras em
espaços físicos reais.
...tsk, ao que isto chegou, ter que mencionar a palavra "REAL" quando falo de "espaços" e de "experimentar"
:)Bem, pelo menos há menos narizes e cabeças partidas, olhos negros e joelhos e cotovelos esmurrados, mas estas coisas também só são más quando graves e frequentes, por isso, lá tá, não se pode ter ao mesmo tempo
"Sol na eira e chuva no nabal".
Sim, eu sei que este "problema" é mesmo só para alguns (claro) e que ainda por cima há os "desportistas"... mas eu estou a falar dos "outros"... dos que têm acesso a estas coisas e por elas se deixa conquistar sem colocar nenhumas reservas a manter os horizontes da imaginação e criatividade bem largos, exercitados e desimpedidos.
Ah, lembrei-me agora das "guerras" de
paintball, que são o meio termo entre a imaginação e a realidade (as tais nódoas-negras!).
:D De qualquer forma, não estou a fazer aqui o papel do "saudosista" ou
"Velho do Restelo", pois sempre fui dos que sonhou desde cedo com o que já hoje é possível, ou seja, a possibilidade da criação e usufruto de mundos virtuais, interactivos e o mais realistas possíveis, tanto em termos visuais como em termos de regras de interacção entre tudo o que neles existe... bem como nas sensações transmitidas, que hoje são apenas visuais, sonoras e semi-tácteis.

Por algum motivo, um dos programas que mais me fascinou logo de inicio no
ZX Spectrum, foi o
Flight Simulator, bem como
um programa de desenho 3D, o
VU-3D (isto tudo num "miserável" Spectrum!!!! Imagine-se o atrevimento!), ambos produzidos pela
PSION.
Mas lá está, estes são também exemplos em que era preciso usar a imaginação para "fazer de conta" que aqueles pontos na TV eram "um mundo" virtual.
Na verdade, aquelas imagens de baixa-resolução, eram apenas uma representação muito rústica mas adaptada pela minha imaginação, ao que seria suposto estar-se a ver.
Mas como disse, sonhava e continuo a sonhar, pois por mais avançada que a "
coisa" esteja hoje, ainda não chegámos "
lá"... mas pode ser que fale nisso, num post futuro.
...
Bom, então,
num post anterior, falei sobre a minha pré-história da micro-informática, portanto, saltemos então por cima dos
NewBrain,
VIC-20,
Acorn BBC (muito usado nas escolas inglesas bem como num programa da BBC muito fixe, sobre micro-informática, que dava na altura na RTP), o
Comodore 64,
Atari XL,
Apple ][, etc... quase tudo coisas que só via em revistas ou em montras de algumas (poucas) lojas na altura... *snif*
Durante algum tempo, uma consola era a única forma de ter gráficos e som (ligeiramente?) mais avançados que num micro-computador (bem... entretanto o
Commodore Amiga já mostrava o que de futuro se poderia e devia fazer com computadores pessoais). Ah, mas mesmo assim, não tão boas (essas consolas) como as maquinas de jogos video que existiam na altura, algumas até construidas à medida para o jogo em questão, claro.

Ora, aqui o
je, já nessa altura tinha a ideia maluca que os computadores iriam evoluir ao ponto de um dia pudessem lidar com som e video como se de uma TV digital se tratassem (eu era doido, lembro-me de me perguntarem para que raio é que queria eu uma placa gráfica com 800x600 de resolução?!?). Nesta altura já tinha tomado contacto com os primeiros PC's, ou clones do
IBM PC e semi-clones como o
Apricot (tanto os primeiros não compatíveis com depois as versões quase-compatíveis) e o
Sirius Victor.

Lembro-me dos primeiros Apricots parecerem muito avançados no mundo dos PCs não Apple. Teclados sem fios com um pequeno
ecrã de cristais liquidos para status, data/hora, calculadora e quaisquer outras coisas que se quisesse (desde que se programasse, claro)... foram também dos primeiros a adoptar os discos 3"1/2, dos primeiros com monitores a cores de "alta" resolução (SuperEGA)... com preços abaixo ou equiparados aos dos
IBM PC, enfim... mas nunca tive nenhum... só lhes tocava nas demonstrações de equipamentos e tal... *double-snif*
Outra tendência que demorou a acontecer, mas que a seu tempo também foi fácil de detectar, foi a tendência para a baixa de preço gradual ou no mínimo para a manutenção dos preços mas o crescimento exponencial das capacidades. Era apenas tudo uma questão de tempo e paciência (e ter que optar, pois não havia $$$ p'ra ter as duas coisas, consolas com jogos e computadores com outras coisas).

Portanto, se bem que durante muito tempo, os que optaram por ter um PC (i.e. um compatível
IBM PC), tiveram que aguentar com um som escabroso (o "beep" ridiculamente monofónico) e com uns gráficos... errr.... escabrosos, o certo é que com alguma (alguma ??? MUITA!!!) paciência a coisa foi evoluindo... do
MDA à "baixa" resolução com 4 cores simultâneas do
CGA, passando pela alta definição (mas monocromática) das
placas gráficas Hercules, às placas
EGA (média definição, segundo os parâmetros de hoje!), a umas SuperEGA e tal até se chegar às
VGA.
As placas gráficas
VGA foram a base para o florescimento de uma diversidade de extensões à norma, onde cada marca tinha a sua maneira de ter resoluções extra, fazendo com que as várias "normas" do SVGA, XVGA, etc... não fossem senão isso... nomes, porque compatibilidade entre várias marcas de placas era mentira. Cada programa, se quisesse usar algum modo para além do standard
VGA, tinha que perceber com que placa (marca e modelo) estava a lidar.
Penso ter sido nessa altura que o grupo
VESA instituiu algumas regras que muitos dos seus membros cumpriram para pelo menos estabelecer alguma espécie de ordem neste ramo florescente do mercado que eram as placas gráficas.
É que na altura o Windows ainda não era "rei" (rei? ...bem, falo apenas dos PCs não Apple, claro). O Windows, durante a altura que falo, era apenas um "brinquedo" devorador de memória e
CPU para alguns... errr... e... ok, nesse aspecto, pouco mudou
:P
Então, não havia ainda uma camada unificadora que escudasse as aplicações de todas as possíveis variações em termos de
hardware... como hoje todos estão habituados, adaptação essa conseguida através de pequenos pedaços de código que é suposto cooperar, ou melhor, permitir o acesso a determinados componentes ou periféricos. Esses micro-programas são os
drivers (os famosos e famigerados
drivers... os tais que deitam "alguns" sistemas operativos abaixo e causam os igualmente
famosos ecranzitos azuis, para os utilizadores de PC's com Windows).
Bom... acho que já chega. Ia p'ra falar na evolução das placas de som, mas não quero acordar ninguém, por isso, fica pá proxima
;)...e a esta velocidade, nunca mais chego às
placas aceleradoras do motor de física :PVersão 2.0: Depois de lêr o post, achei que estava demasiado incompleto, quando comparado com o que queria transmitir com ele. Daí ter feito "batota" e acrescentado mais umas coisas no dia seguinte. Desculpem-me pela batotice, mas eu neste blog permito-me fazer destas coisas no post mais recente... enquanto não houver um novo, o anterior é sempre um
work-in-progress :PAlém disso, o "Versão 2.0" encaixa perfeitamente no titulo, pois alguns dos jogos videos de hoje acabam por ser a Versão 2.0 das brincadeiras que tinha quando criança.